Hoje, acordei muito estranha. Deve ter sido por tudo que passei ontem, o tranquilizante que tomei e acabei por não jantar. Tudo me fez acordar me sentindo esquisita. Levantei e tomei um banho demorado para tirar aquela sensação. Estranhei meu pai estar em casa àquela hora. Quando me levanto, ele já tomou café e já saiu para o trabalho. Como ele é engenheiro, ele gosta de chegar na obra antes que os trabalhadores comecem o turno, para inspecionar e dar instruções.
A família parecia estar me esperando, para saborearmos o café da manhã que Dona Carolina, minha mãe, preparou com muito capricho. A primeira a falar foi Bianca, minha irmã cinco anos mais nova:
- Mila, você está bem? Dormiu bem? Não teve pesadelos? Ficamos sabendo o quê aconteceu.
Meu pai olhou para ela, que entendeu seu olhar e calou-se.
- Filha, ficamos muito preocupados com você e sua reação. Felizmente, depois que fizeram a varredura no prédio, só encontraram uma caixa de sapatos num dos banheiros, com os sapatos, que alguém esqueceu. Algum paranóico ligou e informou que poderia ser uma bomba.
- Ou foi uma brincadeira de muito mau gosto - completou Dona Carol.
- Ainda bem que foi só um susto - disse.
- Mila, me conta, quem é aquele gato que trouxe você para casa? Trabalha com você? É advogado, também? Um pouco velho pr'o meu gosto, mas muito estiloso. Combina com você. Ele tem um 'sex appeal' de quem sabe das coisas, hein?
- Bia, mais respeito! - repreendeu meu pai. Minha irmã falava o que pensava e, muitas vezes, falava sem pensar. Meu pai, quando ela exagerava ou era incoveniente, a repreendia. Achei engraçado o jeito dela fala de vc. Tive vontade de rir, mas me segurei por causa de papai, que era do tipo machista, antiquado. Minha mãe entrou na conversa:
- Um rapaz muito educado, ficou muito preocupado com a Mila. Eu fiz questão que ele tomasse um café, antes de ir embora. Ficamos conversando um pouco e, ele me contou, que o pai dele e o Dr. Arnaldo, um dos chefes da Mila, são amigos desde o tempo da faculdade. Quando o pai dele começou a fazer faculdade, já era casado e ele já tinha nascido. Então, ele conhece o Dr. Arnaldo desde garotinho.
Essa informação eu ainda não tinha. Eu queria tirar mais coisas que eles tinham conversado, mas o Sr. Paulo foi logo me avisando que iria me levar para o trabalho, para não fazer hora com o café para não me atrasar.
- Traga-o, qualquer dia, para jantar, Mila. Eu já o convidei. Ele ficou de combinar com você.
Você conseguiu conquistar as mulheres da família. Só falta o paizão. Que já estava abrindo a porta do apartamento com as chaves do carro na mão e me apressando.
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