sábado, 18 de setembro de 2010

Meu pai, a princípio, ficou apreensivo com a notícia; afinal, a primogênita dele já ia ser mãe. Depois, gostou da idéia de ser avô e de ter um gurizinho ou uma princesinha por perto. Todos, no maior clima de alegria. Sua família, também, gostou da novidade, principalmente seu irmão Augusto, que não perdeu a oportunidade de brincar com você:
- Você não quiz esperar, não é, Guto? Também, se esperasse muito, você ia ficar velho e seria mais avô do que pai, e, talvez, tivesse que tomar aqueles comprimidinhos azuis, ou amerelos, sei lá.
- Você não vai me tirar do sério, seu babaca. Quero ver quando chegar a sua vez.
- Não sei se terei a sorte, que você teve, de encontrar uma "Camila" na minha vida, Gustavo.
- Caro Augusto, a Camila é única. Outra, tenho certeza, que você não vai encontrar. Mas torço que você encontre uma jovem tão companheira quanto ela. Sua hora vai chegar, quando menos você esperar. Pode crer.
- Enquanto isso, vou ter um sobrinho ou sobrinha para paparicar...
- Se eu e a mãe não cuidar, essa criança vai ficar muito chata. Ela nem nasceu e todo mundo quer paparicá-la.
- Se ela ficar chata, maninho, todo mundo deixa de paparicá-la.
Você foi um futuro pai maravilhoso. Desde o primeiro dia, que você soube que eu estava grávida, você sempre se preocupou com o meu bem estar. Toda vez que lhe era possível, fazia questão de me acompanhar no médico e nos exames. Ficava triste e ansioso por notícias, quando não podia ir comigo. Minha mãe e a Bia me acompanhavam. Até meu pai chegou a me levar, numa ocasião.
Dois meses depois, nos casamos no sítio do Dr. Arnaldo. Foi uma cerimônia sem muita frescura, apenas com o juiz de paz. A recepção aconteceu, em seguida, e foi muito agradável. Preferimos não viajar para algum lugar especial, decidimos que programaríamos uma viagem depois que o bebê nascesse e pudesse nos acompanhar. Claro que tiramos uns dias só pra nós dois. Merecíamos uns dias de descanso, para não fazer e nem pensar em nada. Fomos para uma praia particular, próxima da cidade, porém longe do burburinho dos banhistas "habituées".
Fui morar no seu apartamento. Fiz algumas adaptações para deixá-lo com a nossa cara. Não era mais um apartamento de solteiro, agora era de um casal. Resolvemos ficar por lá até o bebê nascer. Enquanto isso, iríamos procurar uma casa que tivesse um bom quintal. Além do bebê precisar de um espaço para brincar quando crescesse, eu queria ter um cachorro. E no apartamento não dava. Seu apartamento era ótimo para nós dois, mas um terceiro membro da família estava por chegar. Enquanto fosse, apenas, um nenezinho, tudo bem.
Resolvii trabalhar no escritório até o bebê nascer, ou enquanto pudesse carregar a barriga, que crescia a cada dia. Você me apoiou na minha decisão. Trabalhando no mesmo prédio, eu estaria por perto, caso precisasse de alguma coisa. E você não iria precisar sair correndo para me ajudar. Além do mais, você poderia me paparicar sempre que estivesse ocioso. Quando não me sentia muito bem, você me deixava na casa dos meus pais, com recomendações para minha mãe cuidar de mim e, qualquer coisa que houvesse, para ligar, imediatamente, para você. Minha mãe acalmava você:
- Ainda não está na hora, Gustavo. Essas sintomas são normais, não se preocupe. Não vai acontecer nada. Vai trabalhar e fique tranquilo, que eu sei tomar conta da minha filha.
Enquanto. isso, eu ia colocando meu projeto em andamento. Conversava com o Carlos, que estreitou relações com vários contatos. Às vezes, ele me dava algumas sugestões, que eu aproveitava, quando me convinha. Você ficava curioso para saber o quê eu tanto fazia na frente do computador. Eu dizia que estava pesquisando, pois queria fazer um novo curso, que desse uma ajuda na minha mudança profissional. Em casa, eu não trabalhava no meu projeto, não queria que você soubesse antes da hora. Depois, poderia não dar certo. Eu não queria criar expectativas. A expectativa, em casa, era a chegada do Tavinho, o nosso filhinho. Quando soubemos que seria um garotão, optamos por homenagear nossos pais, Paulo e Otávio, e escolhemos um nome composto para chamá-lo: Paulo Otávio. E o "baby" logo ganhou o apelido de Tavinho.

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