sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Parecia que, hoje, tudo estava dando errado. Acordei atrasada, não deu tempo de tomar café, tropecei na rua e quase caí, perdi meu relógio nessa correria e, como se não bastasse, quase na hora de ir embora, o Dr. Arnaldo, um dos advogados, me pede um contrato para ontem. Claro que passei do meu horário, não iria conseguir ver meu queridinho nem de longe. Para completar o quadro, começou a chover torrencialmente.
Hora extra que é bom, ninguém paga. O Dr. Arnaldo, pelo menos, faz uns agrados pra mim e pra Sandrinha, que fica na recepção, atende o telefone, anota os recados, serve um cafezinho. Ele nos traz bombons e, como a esposa dele sempre viaja para Miami - ela tem uma lojinha, ele nos presenteia com perfumes, cremes, maquiagem e algumas outras coisas de gosto duvidoso. Ele sabe que gosto muito de cachorro, mas como moro em prédio onde não se permite animais, me trouxe uma tapeçaria com a estampa de um cachorro horrível que dava dó. Não tive coragem nem de pendurar na lavanderia.
Fazer o quê? Sabia que não iria ver você. Me conformei. Liguei para a portaria e avisei que iria demorar para sair. Contudo, não demorei tanto quanto achara que demoraria. Havia um contrato nos mesmos moldes do solicitado na memória do computador, foi só mudar os nomes das partes, fazer alguns ajustes, salvar, imprimir e deixar na mesa do Dr. Arnaldo. A chuva já estva mais branda. Podia ir embora.
Chequei se estava tudo em ordem e desliguei tudo. Tranquei o escritório, peguei as chaves para colocar na bolsa e fui em direção ao elevador. Apertei o botão e ele, logo, abriu as portas. Ainda estava com as chaves na mão, olhei para o chão, antes de entrar, para verificar se o elevador estava mesmo no andar e se estava nivelado. Entrei. Me surpreendi quando vi você no fundo do elevador vazio. Fiquei tão sem graça, que só consegui balbuciar:
- Boa noite!
Mais cara de pau, você quiz saber o que eu estava fazendo até mais tarde no serviço:
- Trabalhando até mais tarde ou esperando a chuva passar?
Eu não sabia o quê fazer com as chaves, o elevador parecia tão lento. Eu queria tanto estar perto de você e agora queria sair depressa daquela situação.
- As duas coisas.
Sentia os seus olhos indagadores a querer me desvendar:
- Você trabalha com o Dr. Arnaldo?
- Sim, você o conhece?
- Sim, qual o seu nome?
- Camila, e o seu?
- Gustavo.
Que conversa boba! Finalmente, o elevador chegou no térreo, mas já não sentia tanta vontade de sair correndo. Mesmo assim, antes que você pudesse falar qualquer outra coisa ou fizesse mais perguntas, disse que precisava ir e desejei-lhe bom descanso. Saí apressada para a rua, não me importei com a chuva fina e fiz sinal para um táxi que passava. Nem sei porquê, mas voltei de táxi para casa. Parece que fiquei boba! Agora já sei o seu nome! Fiquei rindo sozinha!

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