No dia seguinte, você passou cedo em casa, tomou café conosco e conversamos sobre os acontecimentos do dia anterior, da violência, criminalidade, etc. Você contou pro meu pai o que falei para o advogado "porta de cadeia":
- Sua filha, assim tão calma, tão meiga, saiu do salto, mas com classe, lógico, com o advogadinho que foi pra cima do policial que negociava a rendição do sequestrador e a libertação das vítimas. Ele estava se achando, pensou que podia chegar lá, fazer e acontecer. Levou um chega pra lá do policial, que não era lá de muita conversa. E uma lição de moral que teve de enterrar a cabeça num buraco. Todo mundo ficou olhando pra cara dele. Até o policial gostou que a Mila falou umas boas. O Felício ficou de queixo caído, não esperava essa reação dela.
- Filha, o homem poderia agredir você - ponderou minha mãe.
- Não, Dona Carol. Além de ter policial por todo canto, eu não deixaria nada acontecer a Mila. O cara era metido, mas não era louco.
- Minha filha tem muito senso de justiça, Gustavo. Desde criança. Na escola, quando duas crianças começavam a brigar por causa de brinquedo, ou lápis de côr, ela ia lá, separava a briga, dava uma bronquinha, e um brinquedo, ou um lápis de côr pra cada um, e tudo voltava ao normal.
- É a menina do papai - brincou Bia.
O motivo principal de você ter passado em casa, foi para convidar, a todos, para um almoço informal, no domingo, na casa dos seus pais. Seu pai resolveu homenagear o amigo e a esposa, para passarem algumas horas descontraídas com os amigos. Você explicou que não se tratava de uma festa, mas uma reunião, um motivo pra todos se conhecerem. Por isso, ele e o pai faziam questão da presença de todos.
Interessante. Iria conhecer sua família. Você já conhecia a minha. E ainda bem que não estaria sozinha, estaria acompanhada. Bianca foi a primeira a manifestar-se:
- Claro que iremos, Guto. Pode contar conosco!
Minha irmã já tratava você com intimidade. Eu só observava. Meus pais, mais reservados, agradeceram o convite e disseram que, provavelmente, iriam. Você pegou na minha mão:
- Vamos? Estamos em cima da hora. Vou parar para convidar a Sandrinha e o noivo, você acha que eles irão?
- Claro que irão.
Você me pediu para falar com o Carlos, o jornalista, mas ele iria fazer uma série de reportagens na Amazônia. Viajaria no dia seguinte e não sabia quando voltaria.
Minha mãe aproveitou a deixa do seu convite e sugeriu que você poderia jantar conosco, no sábado à noite. E a Bia sugeriu que, depois, fôssemos para a casa noturna onde estava cantando. Final de semana já estava programado. A semana seguiu sem grandes novidades.
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