À noite, você me ligou. Contou que o dia tinha sido muito cansativo, que a reunião não rendia, não se chegava a um consenso para assinar o contrato. Enfim, as duas partes cederam um pouco e o negócio foi fechado. Não conversamos muito, você estava cansado e eu, também. Combinamos de almoçar juntos, no dia seguinte. A semana acenava com muito trabalho para nós.
O Dr. Arnaldo queria que eu atuasse mais como advogada e menos como assistente. Estava me passando casos de concordata e falência para acompanhar no Fórum, e ir me acostumando; aberturas e encerramentos de empresas na Junta Comercial, etc. Não sei se queria isso. Eu estava confortável fazendo o serviço de bastidores, não me sentia uma advogada. Eu não era apaixonada pelo Direito, como a Sandrinha. Só não larguei a faculdade no meio, porque não sabia o que escolher. Eu tinha de me formar em alguma coisa e já estava no meio do curso. Resolvi terminar, mas nunca foi meu sonho trabalhar com Direito.
Nunca pensei em engenharia, como meu pai. Antes de casar, minha mãe era bailarina, dançava no Municipal. Depois do casamento, meu pai não quiz que ela continuasse com a carreira. Ela tinha de tomar conta da casa e dos filhos que viriam, não iria ter tempo para ficar dançando, justificava ele. Eu era um desastre para dançar; minha mãe até tentou fazer com que eu aprendesse, mas foi um fiasco. Adoro as artes, mas não tenho dons para nada: tentei cantar, só desafinava, não cantava uma nota no tom. Tentei aprender tocar violão, nunca acertava os acordes. Pensei em artes plásticas. Desenho, pintura, escultura; não deu. Uma criança de dois anos fazia qualquer coisa melhor que eu.
Eu queria fazer alguma coisa diferente, ter uma profissão que não fosse chata. Pensei em muitas coisas: psicologia, veterinária, turismo, moda, hotelaria e até carreira militar nas Forças Armadas. Desisti de todas. Ainda não me encontrei, profissionalmente. Ainda estou em busca de um rumo a seguir.
Bianca, minha irmã, desde criança, já brincava de ser cantora. Desde pequena, ela vive em função da música. Canta, toca piano, faz arranjos. Ela não teve dúvida ao escolher, sempre soube o que queria.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário