domingo, 4 de julho de 2010

Fomos para minha casa. Eu já estava com o coração na mão. Tive de tocar a campainha, porque, para ajudar, esqueci minhas chaves. Ouvi meu pai, perguntar, nervoso, quase gritando:
- Onde está a Camila? Não chegou ainda?
Através da porta, ouvi a Bia responder:
- Acabou de chegar. E não está sozinha.
Minha irmã abriu a porta para entrarmos. Quando passei, ela falou baixinho no meu ouvido:
- Você está cheirando a sabonete.
Meu pai estava com cara de poucos amigos, só faltava estar com o cinto na mão para me bater:
- Isso são horas de uma moça de família chegar em casa? Você nunca fez isso, eu exijo uma explicação. Onde a senhora estava até essa hora?
Meu pai estava tão nervoso, que havia ignorado sua presença.
- Seu Paulo, eu posso explicar.
- Sr. Gustavo, o senhor, que me parecia um rapaz responsável, sério, desaparece com minha filha até essa hora! Acho bom os dois explicarem.
- Primeiro, eu sou sim, um homem sério e responsável, senão não estaria aqui, dando explicações ao senhor. A Camila estava comigo, no meu apartamento.
A Bianca, que estava só ouvindo a conversa, arregalou os olhos, quando ouviu você falar onde eu estava.
- E o senhor me diz isso numa boa? Que passou a noite com minha filha? Só falta me dizer que não aconteceu nada de mais, que passaram a noite jogando dominó.
- Eu estou contando a verdade. É melhor do que lhe falar que fomos pra balada, dançamos a noite toda, bebemos, fumamos ou sei lá mais o quê. E o senhor sabe que não ficamos jogando dominó.
- Então, você confirma que vocês dormiram juntos?
- Sim, já que o senhor quer que eu fale com todas as letras, dormimos juntos sim, fizemos amor sim. Camila não é mais uma criança, é uma moça responsável. Eu amo sua filha, ela é a mulher da minha vida.
Eu não conseguia falar nada, nem mover-me. Bia estava boquiaberta. Dona Carol permanecia sentada no sofá, só observando. E você acrescentou, já começando a ficar irritado com a situação:
- E se o senhor for daqueles pais antiquados, retrógrados, que põe a filha para fora de casa por ela passar a noite com um homem, e for pôr a Mila pra fora de casa por causa disso, eu já a levo embora pra minha casa, agora.
Chegou a vez da Dona Carol interferir:
- Calma, Gustavo. Nós não estamos no século passado, ninguém vai pôr ninguém pra fora de casa. Nós só ficamos preocupados, porque a Mila nunca passou a noite fora de casa.
- Me desculpa, Dona Carol, não quiz ofendê-los.
- Eu compreendo. Meu marido saiu do sério e você se irritou. Tudo bem. Desde a primeira vez, que você veio aqui, trazer a Mila, eu percebi que você a olhava de forma diferente. Eu sempre soube que vocês iriam ficar juntos. Até que demorou. Vocês são jovens, tem mais é que se amarem.
- Dona Carol, a senhora está surprendendo! - brincou a Bia.
- Seu pai já foi um jovem impetuoso, ele sabe do que estou falando.
Bia já escrachou:
- Mamãe contando segredos de alcova com papai!
- Comporte-se, Bia - bronqueou papai.
Bia nem ligou:
- Então, a senhora e o papai andaram dando uns catas antes de se casarem?
- Bianca, já falei.
Minha irmã acabou descontraindo o clima. Até meu pai achou graça no jeito dela e desfez a expressão severa. Eu ainda permanecia paralizada. Apesar de tudo, sentia vontade chorar. Não sabia porquê. Estava tudo bem. Mas você ainda tinha o que falar:
- Seu Paulo, Dona Carol, peço que me perdoem ter saído do sério.
- Nós sabemos que você gosta de nossa filha, mas...
- ...mas eu quero aproveitar a presença de toda família, inclusive da Bia, porque eu gostaria de informá-los, inclusive eu nem falei com a Mila, mas se ela aceitar, eu quero me casar com ela, viver com ela, o que ela quiser. Eu sei que quero estar ao lado dela. Eu já passei por muitas coisas, traição, desilusões, decepções. Eu não acreditava mais no amor. Tornei-me um homem frio, sem sentimentos. Até conhecer a Camila. Ela foi chegando, de mansinho e me domou completamente. Agora, você me tem aos seus pés. - Você se ajoelhou na minha frente, tomou minha mão. - Quer passar o resto da sua vida comigo? Ou enquanto durar nosso amor? Eu espero que dure muito, muito, muito...por uma eternidade.
Eu não me contive. As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Não esperava seu gesto, seu pedido, sua atitude. Tudo estava acontecendo tão rápido. Tinha certeza que amava você e queria você e ficar com você. Olhei para todos, ansiosos pela minha resposta, inclusive você.
- Você está certo disso, Gustavo?
- Eu não falaria tudo isso perante sua família se não estivesse certo do quero, Camila. Estou aqui me comprometendo com você e sua família porque amo você. E sei que você me ama também, portanto...
- Claro, amo você, quero ficar com você, o que for, a resposta é sim.
- Podemos brindar com champanhe? - perguntou Bia.
- Ainda é cedo - respondeu papai - Brindaremos no almoço. Hoje, nós temos um convidado especial, o mais novo membro da família.
- E as alianças, cunhado?
- Querida Bia, as alianças serão providenciadas e logo vamos juntar as famílias e oficializar nosso noivado, o mais breve possível, prometo.

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