sexta-feira, 29 de outubro de 2010

- INCÊNDIO DE GRANDE PROPORÇÃO ESTÁ DESTRUINDO PRÉDIO NO CENTRO, PESSOAS IMPEDIDAS DE SAIR, BARRADAS PELO FOGO E PELA FUMAÇA, DESESPERADAS PEDEM SOCORRO NAS JANELAS...
- Mãe, corre aqui, é o prédio que a Mila e Guto trabalham!
- Meu Deus! Minha filha... - Dona Carol entrou em desespero.
- Calma, mãe! O Guto não ia levar a Mila fazer um exame? Eles podem ter saído antes disso tudo começar...
- A SITUAÇÃO É CRÍTICA, CADA VEZ, CHEGANDO MAIS CAMINHÕES DO CORPO DE BOMBEIROS, MAS ELES NÃO ESTÃO CONSEGUINDO DETER AS LABAREDAS, ...DEUS! UMA PESSOA SE JOGOU...MEU DEUS!
- Por favor, Bia, desligue essa televisão! - Dona Carol estava trêmula.
O telefone tocou. Dona Carol, já lívida, gritou para Bia atender.
- Pai... já está sabendo?... vai para o local?...
- Sabendo o quê? O que ele vai fazer lá? O quê aconteceu com a Mila? O Gustavo? O nenê?... Deus!...
- Pai, é melhor vir pra casa, a mãe não está bem. Vou tentar falar com a Mila ou com o Guto.
Para desespero de Dona Carol, Bia tentou o telefone de Mila e de Guto várias vezes, sem sucesso. Bia também estava angustiada, mas não queria demonstrar seu sentimento, ansiosos e desesperado por notícias de sua irmã grávida, para não deixar sua mãe mais nervosa. Só aumentaria a aflição de Dona Carol. Cada segundo era uma eternidade. A mãe não queria saber das notícias mostradas na TV. O telefone tocou, novamente. Bia atendeu.
- Alô?... Carlos Santana?... Sei, você é amigo da minha irmã... Também, não sabemos nada ainda... Você está aí?... Se você souber de alguma coisa, por favor, nos informe, eu agradeço.
Dona Carol era um poço de lágrimas e desespero.
- Calma, mãe. Era o Carlos Santana, aquele amigo jornalista da Mila, ele está lá no local. Disse que, se souber da Mila e do Guto, ele liga. Ele contou que a Mila ia se encontrar com ele depois que fosse ao médico, que o Guto a levaria.
- Por quê?
- Não sei, mãe, ele não entrou em detalhes, ele está lá trabalhando.
- E seu pai que não chega?
- Mãe, ele acabou de ligar, ele está vindo.
- Meu Deus, a Isabel também deve estar desesperada! Liga pra casa do Guto, pra saber se eles tem notícias!
- É melhor não ligar, mãe. Se eles não souberem o quê está acontecendo, vão ficar em desespero. Além do Guto, da Mila e do bebê, seu Otávio tem um amigo que também trabalha lá, aliás, o melhor amigo, o chefe da Mila.
- É verdade!... Mas você pode ligar para o Luís Augusto e sondar, como quem não quer nada. Liga, Bia. Pelo menos, a gente fica sabendo se eles já sabem.
- Tá bom, vou ligar.
Bia pegou o telefone pensando o quê falaria para o irmão do Gustavo.
- Alô, Augusto? É a Bia...
- Que bom que você ligou! Estava mesmo querendo ligar para sua casa, mas estava receioso. Vocês já sabem o quê está acontecendo no prédio, lá no centro, né?
- Sim, sabemos o quê está acontecendo, mas não temos notícias da Mila e do Guto.
- Nem nós, Bia. Aqui em casa, está o maior desespero. Por que vocês não vêm pra cá? Assim, esperamos juntos por notícias. Boas, tenho fé!
- Meu pai está vindo pra casa; assim que ele chegar, nós iremos, sim. Eu acredito e tenho fé em Deus que as notícias serão boas!
- Estamos esperando...
Bia desligou, olhou para a mãe, largada no sofá, sem forças para, sequer, esboçar um gesto.
- Mãe, eles, também, não tem notícias da Mila e do Guto, o Augusto achou melhor a gente ir pra lá, assim aguardaremos, juntos, por novidades. Também, acho melhor. Vamos esperar papai chegar e vamos pra lá.
- Tudo bem, filha. Não tenho forças pra nada, nem cabeça pra pensar em outra coisa.
A porta do apartamento abriu-se e Seu Paulo adentrou no recinto, transtornado.
- Sabe de alguma coisa, Paulo?
- Não, Carolina, vim escutando as notícias pelo rádio do carro, mas...nada...
- Pai, falei com o Augusto, ele pediu para todos nós irmos pra lá. Aguardaremos as notícias por lá, tudo bem?
- Sim, filha, tudo bem. Afinal, queremos saber como estão nossos filhos. Vamos!